Um ano inteiro para mobilizar vontades contra a pobreza

Mobilizar e consciencializar. São estas as duas palavras de ordem que a ministra do Trabalho e da Solidariedade, Helena André, utiliza para descrever os principais propósitos do Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, que ontem arrancou em Portugal.

As palavras da ministra são dirigidas a toda a sociedade, mas sobretudo a "todos os que têm responsabilidades no nosso país", a começar pelo Governo, pelos parceiros sociais, autarquias e instituições particulares de solidariedade social. Helena André diz que só o esforço de todos pode ajudar a combater o flagelo da pobreza e da exclusão social, que na Europa atinge cerca de 80 milhões de pessoas.

Em Portugal, os dados do último Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2008, são igualmente assustadores: 18% da população corre risco de pobreza e entre os idosos o risco é ainda maior (22%). Entre as crianças, a situação é ainda mais grave: 23% estão em risco. E há ainda um número elevado de pessoas que, mesmo tendo trabalho, vive no limiar da pobreza, o que leva Helena André a admitir que "ainda temos muito a fazer para haver maior justiça na distribuição de rendimentos do trabalho".

Caras conhecidas ajudam.

O ano europeu não estipula metas de redução de pobreza – "gostaria muito de fazê-lo, mas não seria realista", diz a ministra – mas o principal objectivo é combater a indiferença.

Até Novembro, todos os meses serão dedicados a uma temática específica: mulheres, jovens, emprego/desemprego, crianças, emigrantes/imigrantes, voluntariado, idosos, deficiência e sem-abrigo. A coordenação nacional desafiou um conjunto de personalidades da vida pública e artística portuguesa para, através da sua visibilidade e trabalho, ajudarem a dinamizar acções de combate à pobreza e exclusão social.

Aderiram ao desafio os actores Sandra Barata Belo e Ricardo Pereira – que, ontem à noite, conduziram a cerimónia de abertura do ano europeu, na Fundação Calouste Gulbenkian -, a que se juntam também a cantora Teresa Salgueiro, o actor Miguel Guilherme, as apresentadoras Fernanda Freitas e Sónia Araújo, o rapper Boss AC, a escritora Lídia Jorge, a administradora da Fundação Gulbenkian, Isabel Mota, o investigador António Câmara e Salvador Mendes de Almeida, da Associação Salvador.