Risco de pobreza aumenta e já abrange 19,5% da população

Risco de pobreza aumenta e já abrange 19,5% da população
Em 2013, o agravamento do risco de pobreza foi maior para as crianças. Entre os desempregados, o risco de pobreza abrange 40,5% da população.
O número de pessoas em risco de pobreza aumentou em 2013, em todos os grupos etários e de forma mais significativa entre quem tem menos de 18 anos, ao mesmo tempo em que se agravou a desigualdade na distribuição dos rendimentos. A população em risco de pobreza subiu para 19,5%, contra 18,7% em 2012, mostram o último inquérito às condições de vida e rendimento realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A tendência agravou-se, diz o INE, apesar do “aumento do contributo das transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social para a redução do risco de pobreza”.

No caso dos menores de 18 anos, a taxa que mede o risco de pobreza abrange 25,6% da população, percentagem que voltou a subir, face aos 24,4% de 2012.

Segundo o INE, “entre 2012 e 2013, a mediana do rendimento monetário líquido por adulto equivalente registou um ligeiro aumento nominal de 0,6%”, o que fez com que a linha de pobreza relativa – 60% da mediana da distribuição dos rendimentos – aumentasse de 4906 euros para 4937 euros (409 euros para 411 euros em termos mensais).

Com uma linha de pobreza ancorada em 2009, verifica-se o aumento da proporção de pessoas em risco de pobreza ao longo dos cinco anos, refere o INE.

Entre quem está em idade activa, o risco de pobreza é de 19,1%, valor que também se agravou face a 2012, ano em que esta taxa estava em 18,4%. E o mesmo aconteceu entre a população idosa, onde 15,1% das pessoas está em risco de pobreza. No entanto, entre os mais velhos a tendência de médio prazo é decrescente, havendo uma descida de 13,8 pontos percentuais desde 2003 e de 4,9 pontos desde 2010. Para isto há uma explicação: o INE refere que esta tendência é expectável, tendo em conta o “crescimento médio das despesas com pensões de velhice per capita que tem vindo a verificar-se desde o início do século”.

Mais elevado é o risco para as pessoas em situação de desemprego, onde a taxa subiu para 40,5% (face a 40,3% em 2012 e 36,0% em 2010).

Outra conclusão que se retira dos dados divulgados pelo INE é que se mantém a “forte desigualdade na distribuição dos rendimentos”. Isso mesmo mostram os últimos dados do Coeficiente de Gini, o indicador que num único valor – numa escala de zero a cem – sintetiza a assimetria dessa distribuição de rendimentos. Quanto mais próximo do zero está o indicador, significa que há uma maior aproximação entre os rendimentos das pessoas. Quanto mais próximo de cem estiver, significa que o rendimento se concentra num menor número de indivíduos. O indicador reflecte assim “as diferenças de rendimentos entre todos os grupos populacionais, e não apenas os de menores e maiores recursos”. E em 2013, o indicador voltou a subir, passando para 34,5%, quando em 2012 estava em 34,2%. A subida deste indicador coloca-o no mesmo nível de 2011.

“A assimetria na distribuição dos rendimentos entre os grupos da população com maiores e menores recursos manteve a tendência de crescimento verificada nos últimos anos”, frisa o INE. O rendimento dos 10% da população com maiores recursos era 11,1 vezes superior ao rendimento dos 10% da população que tem menores recursos. Em 2012, esta diferença estava nos 10,7, tendo vindo a agravar-se de ano para ano (10 em 2011 e 9,4 em 2010).