Preços dos alimentos são ameaça para os mais pobres

A instituição observa que os bens alimentares apresentam preços "significativamente" mais elevados do que há um ano, que estão próximos do nível recorde de 2008. Em Julho, os preços dos alimentos registaram uma subida de 33 por cento face ao mesmo mês de 2010 e bens como milho e trigo tiveram uma subida do seu custo de 84 e 55 por cento, respectivamente, a par do açúcar e do óleo de soja, com uma inflação respectiva de 62 e 47 por cento.

"A contínua elevação dos preços dos alimentos e o nível baixo dos stocks indicam que estamos numa zona de perigo", afirma o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, citado num comunicado da instituição.

O responsável considera que perante esta situação "a vigilância é vital", uma vez que a incerteza sobre a economia mundial, combinada com a situação política no Médio Oriente e Norte de África, poderá contribuir para manter os preços do petróleo voláteis a curto prazo. Os preços estão instáveis em todos os países, segundo o relatório do Banco Mundial, e os preços dos bens de primeira necessidade registaram aumentos bruscos em várias regiões no segundo trimestre, especialmente na América Central, do Sul e na África Oriental.

Por outro lado, o Banco Mundial alerta que um aumento sustentado dos preços dos alimentos está a impulsionar a inflação em países como Etiópia e Guatemala. Quanto à situação na Somália, onde foi declarada uma situação de emergência devido à fome, o Banco Mundial realça que nos últimos três meses morreram mais de 29 mil menores de cinco anos e 600 mil estão em situação de risco.

A actual crise, a que se soma uma seca prolongada, ameaça mais de 12 milhões de pessoas. "Em nenhuma parte do mundo se regista uma combinação tão trágica de preços elevados dos alimentos, pobreza e instabilidade como no Corno de África", lamentou Zoellick, ao garantir que o Banco Mundial está a reforçar a sua ajuda a curto prazo aos mais necessitados e aos mais vulneráveis no Quénia e Etiópia.

Mas, alertou, a ajuda a longo prazo é "fundamental" para se criarem cultivos resistentes à seca. O Banco Mundial informou ter destinado 686 milhões de dólares para a melhoria da situação social, fomento da recuperação económica e resistência à seca no Corno de África.