Portugal tem 2. ª pior taxa de fecundidade. Emigração pode piorar situação

Segundo o relatório sobre a população mundial das Nações Unidas ( ONU), apresentado ontem, esta taxa vai manter- se baixa nos próximos anos – e muito abaixo do limiar de renovação de gerações, que é de 2,1 filhos por mulher.
Filomena Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Demografia ( APD), aponta o adiamento da maternidade como um dos principais factores para este valor – que relaciona o número de nascimentos com o número de mulheres em idade fértil. “Mas chega uma altura em que as mulheres não podem adiar mais, se quiserem ter filhos”, lembra.
Esse efeito, no entanto, pode ser completamente contrariado por duas tendências que se verificam actualmente em Portugal: o regresso dos imigrantes aos seus países de origem e a saída de muitos portugueses para o estrangeiro. A explicação é simples: uns e outros são geralmente jovens em idade fértil e ao saírem do País vão fazer com que a fecundidade desça ainda mais, repara. “Os dados que temos apontam nesse sentido.”
As consequências são graves: menos crianças e um País mais envelhecido. Logo, mais escolas vazias a curto prazo, e depois menos pessoas a chegar ao mercado de trabalho e menos pessoas a trabalhar e sustentar a segurança social. No entanto, a demógrafa alerta que, no actual contexto, as políticas de natalidade “podem ter pouco ou nenhum efeito”. “Há muitas variáveis a influenciar a decisão de ter um filho”, conclui.
Se em Portugal a taxa de fecundidade desceu de 3,2 para 1,3 ( filhos por mulher) desde 1960, no mundo esta taxa também registou uma quebra histórica, de 6 para 2,5, diz a ONU. Mesmo assim, no mundo desenvolvido alguns países já recuperaram: Japão e Alemanha tinham números piores que Portugal e já têm 1,4 e 1,5, respectivamente.
Em contrapartida, os dados da mortalidade infantil até aos cinco anos de vida são muito bons: Portugal apresenta o 11 º melhor resultado entre os 118 países da lista, com apenas 3,7 mortes por cada mil bebés e crianças. Também a esperança de vida à nascença – 77 anos para os homens e 83 para as mulheres – é superior à média dos países desenvolvidos. des que o “bebé sete mil milhões” nasça na Ásia e seja do sexo masculino. A previsão é do Fundo das Nações Unidas para a População ( FNUAP), que aponta a próxima segunda- feira como o dia em que a população mundial vai ultrapassar aquela barreira história, apenas doze anos depois de ter atingido os seis mil milhões. Um ritmo de crescimento notável, já que foram necessários 123 anos para passar de mil milhões para dois mil milhões de pessoas.
O FNUAP indica que é mais provável que este bebé seja um menino, porque as estatísticas dizem que nascem entre 104 e 106 rapazes por cada 100 raparigas. Na Índia e Vietname, são 112 meninos para 100 meninas. Na China, a proporção sobe para quase 120 por 100, quando não é de 130 rapazes para 100 raparigas, em algumas regiões. E a tendência está a estender- se no Azerbaijão, Geórgia, Arménia, em que os rácios de nascimentos estão na ordem de mais de 115 rapazes para 100 raparigas. Os demógrafos alertam para esta “masculinização alarmante”, fruto da escolha do sexo dos bebés.