Portugal tem 1,2 milhões de trabalhadores pobres

Incidência da pobreza entre empregados por conta de outrem é a terceira maior da UE
A taxa de risco de pobreza dos empregados por conta de outrem, em Portugal, é a terceira maior da União Europeia. E está a subir.

Cálculos do DN/ Dinheiro Vivo, com base em dados do Eurostat e do INE, mostram que o número de trabalhadores pobres – que vivem com menos de 434 euros por mês – aumentou quase 12% de 2009 a 2010. São mais 124 mil casos que engrossam assim um contingente total de empregados pobres de 1,2 milhões de pessoas.

Apesar dos apoios sociais atenuarem o fenómeno da pobreza ( das pessoas em atividade e das inativas, como reformados e crianças), Portugal compara bastante mal com os restantes países europeus no capítulo dos empregados: em 2010, quase 31% dos empregados foram considerados pobres ou em risco de o serem. É a terceira pior marca da Europa a seguir à da Roménia ( 50%) e de Espanha ( 41%). O Eurostat não tem dados anteriores a 2009.
Os últimos dados são de 2010, mas de então para cá o contexto financeiro e económico está a evoluir negativamente por causa das medidas de austeridade ( aumento de impostos, restrições ao subsídio de desemprego e a outros apoios, mais desemprego) e deverá fazer aumentar este número. Vários especialistas como Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, que descreveu o ano de 2011, registam “um fluxo cada vez maior na procura de ajuda social”, seja de pessoas com trabalho seja de outras. O padre diz que “muitas instituições estão no limite” e que, apesar da vontade, não podem fazer mais.

“É um número demasiado gritante” e que “nos envergonha a todos”, disse Isabel Jonet, do Banco Alimentar, citada pela Lusa.

O fenómeno da pobreza até estava ( tendencialmente) a aliviar desde 2004, mas agora volta a mostrar os dentes. Entre os idosos, por exemplo, grupo em que mais de um milhão de pessoas vivem com pensões mínimas e de miséria ( na ordem dos 200 e 300 euros), o fenómeno agravou- se muito. Segundo o Eurostat, há 400 mil idosos na pobreza, cerca de 21% do total, o sétimo pior registo europeu em 2010, depois daquele que foi o maior salto anual ( 0,9 pontos percentuais) de todos os países analisados ( 29).