Portugal desceu este ano mais um lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano

Portugal ao nívelda  Europa do Leste do Médio Oriente

Portugal desceu este ano mais um lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano, uma medida de desenvolvimento calculada pelas Nações Unidas. No relatório de 2011 aparece na 41. ª posição, ultrapassado pela Polónia e na companhia de países do Leste europeu e algumas nações ricas do Médio Oriente. Aliás, dos 27 da União, só Letónia, Roménia e Bulgária ficam atrás de Portugal nesta lista, que classifica 187 países – mais 18 que em 2010.

No entanto, o País continua entre os 47 mais desenvolvidos do mundo – um grupo liderado pela Noruega, Austrália e Holanda. No extremo oposto estão três países africanos: República Democrática do Congo, Níger e Burundi. Uma divisão que é bem visível no mapa mundo do desenvolvimento humano.

Consulte o relatório completo nos documentos do Observatório.

A lista é elaborada com base num índice que inclui três dimensões do bem- estar humano: a saúde ( através da esperança média de vida), a educação ( através da frequência escolar), e o rendimento per capita. Portugal tem registado melhorias nestes indicadores, com 79,5 anos de esperança de vida à nascença, 7,7 anos de frequência escolar média e quase 15 mil euros de rendimento bruto per capita, mas mesmo assim tem sido ultrapassado por países do Leste europeu, com melhor desempenho na área da educação, e outros do Médio Oriente, com rendimento percapita muito alto. Assim, esta descida junta- se a outras, sucessivas, que trouxeram o País da 29 ª posição, em 2008, para a 41. ª .

Alfredo Bruto da Costa, especialista na área da pobreza e exclusão social, considera que o mais interessante nestes relatórios é sempre a posição relativa dos países, e que a nossa queda no rankingdiz muito “do nosso atraso relativo”. Mas para falar de retrocesso é preciso ver como evoluiu cada indicador, justifica. “O índice é composto por três dimensões e basta haver um retrocesso numa para ficar comprometido. A tendência de longo prazo tem sido de melhoria – no campo da saúde fizemos mesmo progressos notáveis – mas a tendência a curto, médio prazo é afectada pela crise. Pelo menos no rendimento”, explica. Resta saber como vai afectar a saúde e a educação, conclui.
Além de permitir comparar países, o relatório divulgado ontem em Copenhaga pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD) também considera as desigualdades internas no acesso à saúde, educação e rendimento. E se olharmos para o mundo com estas lentes vemos um panorama ligeiramente diferente: algumas das nações mais ricas ficam fora dos primeiros 20 lugares.

Os Estados Unidos são o país que cai mais lugares no grupo dos mais desenvolvidos, passando da quarta para a 23. ª posição. Só a Colômbia perde mais posições: 24. Mas no geral, os países da América do Sul saem quase todos a perder se se incluir a desigualdade nas contas.

Em contrapartida, alguns países europeus sobem ao topo: a Suécia passa do décimo para o quinto lugar, a Dinamarca do 16. º para o 12. º posto. No caso de Portugal, a maior diferença é no rendimento, mas mesmo assim o País não muda de posição.

Em contrapartida, se considerarmos as desigualdades de género, Portugal sobe 22 posições, para o 19 º lugar. Ou seja, aparece como um país com melhor qualidade de vida ( relativa) para as mulheres.

Os bons indicadores na taxa de mortalidade materna, que é baixa, no acesso à educação, a elevada participação das mulheres no mercado de trabalho e as condições de acesso à saúde na gravidez são alguns dos indicadores que levam o Índice de Desigualdade de Género de Portugal a ter um dos valores mais baixos do mundo. Neste capítulo, a Suécia é o país mais desenvolvido, e a Holanda e Dinamarca fecham o pódio.