Orçamento Participativo das Escolas (OPE), lançado esta manhã

A Secundária de Valadares foi a escola escolhida pelo ministro Tiago Brandão Rodrigues para ouvir o que querem ter ou fazer os alunos para melhorar a sua vida académica. A criação de uma orquestra, um miniplanetário, desporto mais seguro ou intercâmbio de bicicletas foram algumas das ideias lançadas para a plataforma OPE, todas realizar com um austero orçamento de um euro por aluno
RA A SÉRIO, Tu podes melhor a tua escola” é o lema da campanha do Orçamento Participativo das Escolas (OPE), lançada esta manhã pelo ministro da Educação no anfiteatro com lotação esgotada da Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, em Valadares, Vila Nova de Gaia.

Natural de Paredes de Coura, à chamada do ministro que gosta “sempre de rumar a norte” não faltaram os 1628 alunos, que receberão uma verba equivalente à razão de um euro por estudante para colocarem as mãos na massa e implementar no terreno um projeto que beneficie o comunidade escolar, sem ultrapassar este financiamento adicional ao bolo do Orçamento de Estado.

Divididos em grupos até um máximo de cinco alunos, os proponentes do 7.º ao 12.º anos tentaram convencer o ministro tutelar e têm agora até 24 março, Dia do Estudante, um período de campanha para catequizarem os colegas sobre quem tem a ideia mais apelativa para o bem comum. Num palco onde se apresentou por simplesmente por Tiago, Brandão Rodrigues quis replicar os trabalhos da Assembleia da República, num apelo ao espírito de cidadania e participação democrática. No intervalo de uma hora, sucederam-se sem parar cerca de duas mãos cheias de propostas, transmitidas em três minutos e que serão partilhas no site www.opescolas.pt, em WhatsApp ou através do Facebook do Ministério da Educação.
Entre sorrisos, burburinho e palmas, a Beatriz Martins, o Guilherme Marinho, o Pedro Sousa e o Tomás Ferreira fizeram campanha pelo nascimento de um miniplanetário que torne as aulas de ciências e astronomia mais interativas e práticas. Do que precisam? “Um espaço, um projetor e uma cúpula”. Projeto semelhante anda ainda a germinar nas cabeças do Nuno, do Ruben e do Salvador, do 9.º ano, que sob o título de ‘Contactos com o Universo’ e com um custo total de 1200 euros também querem espreitar de mais perto outras galáxias, sem ficar pelos manuais.
Desporto Seguro é o que defendem as colegas e amigas do 11.º B Beatriz e Bruna, insatisfeitas por só terem um pavilhão coberto, o que obriga a aulas de educação física ao relento e piso escorregadio. Agora que a nota de Educação Física volta a contar para ingresso no Ensino Superior, reclamam um espaço revestido a lona amovível para evitar “quedas e acidentes como tem acontecido”, empreitada que custa 1100 euros, ficando o remanescente montante dos 1628 euros para mão de obra.

A criação de um clube de bicicletas, o GFA (sigla da escola) – Bikes , umas a disponibilizar pela escola, outras próprias, onde funcionaria uma oficina de reparação a custo reduzido de bicicletas usadas, é a sugestão de três alunos do 8.º C, proposta que agradou visivelmente a Tiago Brandão Rodrigues e que confidenciou ter sido um utente habitual da bicicleta na deslocação diária para o trabalho nos anos em que viveu em Inglaterra.

Seguiu-se a cobertura da ligação do Pavilhão A ao bufete, obra cujo projeto (não a execução) o presidente da Câmara de Gaia Eduardo Vítor Rodrigues se prontificou a patrocinar, a criação de uma sala de convívio, com livros e jogos usados reciclados, ou reciclagem de lixo e aulas extracurriculares para aprender tarefas domésticas e a cozinhar, evitando que os alunos “tenham de ligar à mãe de meia em meia hora quando estão sozinhos em casa”, foram outras das achegas.
No fim do encontro com o ministro em Dia dos Namorados, um grupo de alunos do 9.º D tentou seduzir a audiência para o lançamento de uma orquestra participativa que dê voz e som aos alunos que saibam tocar um instrumento e possam partilhar os seus conhecimentos musicais. Pedem a compra de baquetas, bateria, xilofone e mais um ou outro instrumento num total de 1268 euros.
Perante “tantas e boas ideias”, Tiago Brandão Rodrigues incentivou alguns dos grupos a juntar-se em torno das suas vontades – “muito importante em democracia e política” –, convidando todos a serem os artífices do seu futuro. “Mais do que do que um orçamento simbólico adicional, o OPE é uma forma de os jovens valorizarem a democracia e o debate, preparando-se para serem eleitores e eleitos no contexto em que vivem, fazedores de opinião e e empreendedores de iniciativas balizadas por orçamentos disponíveis. É bom que tenham consciência financeira”, concluiu o ministro da Educação, antes das inevitáveis selfies a que não se furtou e de revelar a sua preocupação com o alheamento da vida política dos jovens entre os 18 e os 25 anos, “a faixa de maior abstenção eleitoral”.

Para o terreno na divulgação da campanha pela melhor ideia em cada escola secundária seguem os secretários de Estado Alexandra Leitão e João Costa, que estarão presentes em mais duas sessões do Orçamento Participativo das Escolas, na Básica de São Gonçalo, em Torres Vedras, e na Secundária de Loulé, nos próximos dias 17 e 21, respetivamente.