Número de imigrantes sem trabalho dispara no 1. º trimestre

Cerca de 26,5% da população ativa imigrante está desempregada. Falta de meios para sobreviver leva estrangeiros a regressar às origens. Programa de Retorno Voluntário recebe uma média de 193 pedidos por mês.
São mais de 48 mil os estrangeiros desempregados em Portugal no primeiro trimestre deste ano, 26,5% da sua população ativa, revela o Instituto Nacional de Estatística ( INE). No final de 2011 representavam 19,6% dos ativos estrangeiros, percentagem que aumentou significativamente. Nos três primeiros meses de 2012 mais onze mil imigrantes perderam o emprego, situação que tem levado muitos a abandonar o País, mesmo que tenham de pedir dinheiro.
Portugal deixou de ser um destino atrativo para imigrantes à procura de emprego
Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística apontam para um aumento significativo do desemprego imigrante apesar de muitos estarem a regressar ao país de origem, nomeadamente ao Brasil e a Angola. Registam 181 500 ativos no primeiro trimestre de 2012, quase menos 40 mil do que em igual período de 2011.
É preciso ter em conta que 47 281 estrangeiros adquiriram a nacionalidade portuguesa no último ano e deixaram de fazer parte das estatísticas da imigração, no entanto, muitos aproveitam o facto de terem uma cidadania europeia para trabalharem em outros países da União Europeia. Faltam os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras para perceber a real dimensão da população estrangeira no País.
O desemprego e as dificuldades económicas de Portugal, associados à melhoria das condições de vida no Brasil e em Angola, são apontados como as causas principais da saída de imigrantes. Até porque estão entre os grupos mais desfavorecidos da população, sublinham as associações que com eles trabalham.
No serviço de atendimento na Casa do Brasil há cada vez mais pessoas a pedir apoio e o mesmo se passa no Serviço de Jesuítas aos Refugiados, por exemplo. E o Banco Central do Brasil registou uma diminuição das remessas dos brasileiros em 2011, recuando para valores de 2002.
Em Portugal, as condições financeiras degradam- se de tal forno que muitos estrangeiros pedem apoio para voltarem a casa, pedidos que também têm aumentado. A Organização Internacional para as Migrações ( OIM) pagou as despesas de viagem a 222 cidadãos nos três primeiros meses do ano, o que representa já 37,4% do total de 2011. Registaram 578 inscrições para ajuda monetária, uma média de 193 por mês, mais 17 do que em 2011. Se esta média se verificar, os números do Programa de Apoio de Retorno Voluntário serão bem superiores.
“A nossa previsão é que haverá um aumento significativo no final do ano. O desemprego e o trabalho precário – sem um contrato de trabalho não se conseguem renovar a autorização de residência – são as principais razões que os levam a inscrever- se. Brasil e Angola são economias emergentes e têm registado uma melhoria das condições e pensam que poderão ter um melhor nível de vida se regressarem”, explica Luís Carrasquinho, o responsável pelo programa.
Apoiaram 199 brasileiros ( 89,6% do total) e sete angolanos ( 3,2%) nos primeiros três meses. Continuam a ser os imigrantes recentes e sós a procurar ajuda, mas há cada vez mais famílias e com muito tempo de imigração a bater à porta da Organização Internacional para as Migrações.