Mulheres têm que trabalhar 2 meses para ganhar o mesmo que os homens

Mais 2 meses para ganhar o mesmo que os homens Portuguesas recebem, em média, menos 21%. A desigualdade agrava- se para as mais trabalhadoras qualificadas.

Para conseguirem ganhar o mesmo que os homens ganham num ano, as mulheres têm de trabalhar mais dois meses. Só no próximo 2 de março atingirão o número de dias extras necessários para compensar a diferença entre salários, que em Portugal chega aos 21%, segundo dados da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego ( CITE). Por isso, a União Europeia ( UE) escolheu aquela data para assinalar o Dia Europeu da Igualdade Salarial.

Há duas vezes mais mulheres a ganhar apenas o salário mínimo
 
Segundo a CGTP, a remuneração média mensal das mulheres em Portugal é de 831 euros, enquanto nos homens sobe para 1024 euros. E há duas vezes mais trabalhadoras a ganhar o salário mínimo ou menos, acrescenta a nota, feita a partir de estatísticas governamentais.

Mas, curiosamente, a desigualdade salarial entre mulheres e homens é tanto maior quanto mais elevado o nível de qualificação, diz a CITE. As mulheres com o 3. º ciclo do ensino básico ganham menos 20% do que os homens ( na remuneração média de base) enquanto as quem têm uma licenciatura ganham menos 31%.
Dados que vão ser apresentados hoje no ateliê “( Des) Igualdade Salarial entre Mulheres e Homens”, da CITE. A presidente da instituição, Sandra Ribeiro, diz que o problema está em casa. “Enquanto não existir partilha efetiva das responsabilidades familiares, as mulheres terão sempre muito mais dificuldade em progredir na carreira e como tal, mesmo que mais habilitadas academicamente, continuarão a ganhar menos”.

As diferenças refletem- se depois nas pensões, agravadas pela herança do passado, quando estas eram ainda maiores. Em média, as mulheres recebem menos 40% que os homens, ficando- se pelos 304 euros mensais contra 516 euros dos reformados masculinos, diz a CGTP.

Por outro lado, segundo os dados do gabinete de estatística europeu, o Eurostat, Portugal não fica mal na fotografia: em 2009 apresentava uma diferenciação salarial de 10 %, a sétima percentagem mais baixa da UE. Mas isso acontece, explica a CITE , porque “praticamente não existe trabalho parcial” em Portugal, ao contrário do que acontece nos países escandinavos, onde grande parte da população feminina trabalha em part- time depois da maternidade.

A crise, alerta Sandra Ribeiro, “tem vindo a aumentar os fatores de desigualdade de género”, tornando as mulheres “o elo mais fraco”. Mas pode ser um a oportunidade, se for aproveitada para “democratizar os papéis sociais atribuídos aos homens e às mulheres”( ver‘ 3 Perguntas a’).