Lisboa não aceita Plano de Ordenamento, e não está sozinha

Elaborado pela administração central para substituir o plano que se encontra em vigor, e que também não foi cumprido na totalidade, enferma, segundo as autarquias, de numerosos problemas – ao ponto de os presidentes de câmara da área metropolitana terem decidido, por unanimidade, pedir a suspensão do processo.

O vereador do Urbanismo de Lisboa, Manuel Salgado, disse ontem que o plano se intromete nas competências municipais. E mostrou-se particularmente indignado por o documento prever um aumento de apenas 6000 habitantes na cidade até 2020, quando a desertificação é um dos principais problemas de Lisboa. O vereador dos Cidadãos Por Lisboa Nunes da Silva mostrou-se ainda mais crítico: “O plano foi concebido numa lógica pós-moderna e liberal de ordenamento do território.” “O que interessa são os centros comerciais, e não o património.”

O consultor contratado pela câmara para estudar o documento diz que não foram previstas medidas para combater o declínio demográfico e que o modelo económico de competitividade depende excessivamente do turismo e da saúde, ignorando a importância da criação de serviços ligados às indústrias do conhecimento. O facto de “não apresentar respostas para os problemas da pobreza, do envelhecimento e os desafios da multiculturalidade” é outra falha apontada pelo mesmo especialista.