Lisboa e Vale do Tejo, a região do país com maior número de inscritos nos centros de emprego

Instituto do Emprego. Há 0,1 vagas de trabalho por desempregado

O sistema público não tem resposta para os sem emprego. Há 0,1 postos de trabalho por cada desempregado
Os portugueses não gostam de trabalhar. A imagem está de tal maneira enraizada que até já passou para a troika: sucessivamente, e desde que o empréstimo externo foi concedido, cortou-se nos apoios aos que ficam sem emprego e nas indemnizações a quem é despedido. Numa espiral que não se fica por aqui.
Mas a realidade fica bem distante do filme: há milhares e milhares de pessoas que todos os dias procuram uma fonte de subsistência regular mas sem sucesso. São licenciados, foram até directores em grandes ou micro empresas que fecharam ou estão em processos de reestruturação. Também são pessoas com o 12º ano que tinham um trabalho não qualificado mas que o perderam. E são jovens licenciados que não conseguem ter acesso sequer a um estágio não remunerado que lhes dê um passaporte para a entrada numa empresa. Há ainda os operários da construção civil, os mais atingidos pela crise. E são as empregadas domésticas, despedidas por patrões que antes pertenciam à classe B+ e hoje estão na classe C-, com sorte.
De Norte a Sul do país, da classe A à classe C, dos mais qualificados aos menos, a perda de trabalho é hoje um dos mairos problemas de Portugal.
Os números do Instituto de Emprego e Formação Profissional adequam-se a este quadro. Em Fevereiro, 54 628 desempregados estavam inscritos nos centros do IEFP à procura de emprego, cerca de 5% do total do desemprego estimado para o país. E 7522 ofertas de emprego. Nesse mesmo mês, a rede pública de emprego conseguiu colocar 4654 pessoas, um esforço inglório, atendendo às promessas da Comissão Europeia e do próprio governo para combater o problema.

NORTE Logo a seguir a Lisboa e Vale do Tejo, é na região Norte onde há mais pessoas desempregadas inscritas nos centros de emprego do IEFP. Vila Pouca de Aguiar, com 1750 pessoas sem trabalho, Valongo, com 734, e Santa Maria da Feira, com 548, são três exemplos de localidades onde o encerramento de fábricas atirou para o subsídio de desemprego mais uns milhares. Mesmo assim, e proporcionalmente, as ofertas de emprego foram maiores do que na região da capital. Duas mil novecentas e oitenta e quatro para 19 826 inscritos. Um rácio per capita de 0,125. Mais uma vez, foram as mulheres quem mais conseguiu arranjar trabalho: 848 para 729 homens, num total de 1577 colocações.
CENTRO É nesta região do país que os centros de emprego têm mais sucesso na colocação de desempregados. A média é de 0,240 por cada pessoa à procura de trabalho, acima dos 0,075 de Lisboa e Vale do Tejo ou dos 0,125 da região Norte. De 10 445 homens inscritos, 729 foram colocados ao longo do mesmo mês. Quanto às mulhers, das 9381 desempregadas, 8488 finalizam o mês a trabalhar. No mesmo mês houve um total de 2984 ofertas de colocação para 19 826 pessoas. No total, mil quinhentos e setenta e sete conseguiram sair do desemprego.
ALENTEJO E ALGARVE O racio de empregabilidade através dos centros de emprego no Alentejo está em linha com as restantes regiões, se exceptuarmos Lisboa. No total, houve em Fevereiro 544 ofertas de emprego para 329 colocações e 0,158 empregos por cada desempregado. No Algarve, dos 3284 desempregados que queriam trabalhar em Fevereiro, 294 acabaram por concretizar a vontade nesse mês. A região ofereceu 497 colocações através dos centros de emprego e respondeu ao pedido de 182 mulheres e 112 homens