IEFP Confinamento atira mais mulheres, jovens e lisboetas para o desemprego

número de desempregados registados nos centros de emprego ultrapassou em janeiro 424 mil, num máximo de quase quatro anos, após novas medidas de confinamento mais restritivas no início deste ano em resposta à evolução de mortes, infeções e internamentos por covid-19.

No mês que assistiu à suspensão das aulas presenciais e ao fecho de portas de grande parte dos estabelecimentos de comércio e com serviços ao público, o desemprego oficial subiu 5,5%, com mais 22 105 pessoas contabilizadas pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) do que um mês antes.

Os dados são acompanhados de informação do Ministério do Trabalho Solidariedade e Segurança Social, que aponta para um crescimento acentuado do desemprego registado na transição do mês de dezembro para janeiro – em média, 3,5% desde o final da década de 1980. Porém, a subida da passagem de ano é desta vez mais expressiva e penaliza, sobretudo, mulheres, jovens e trabalhadores da região de Lisboa e Vale do Tejo.

A Grande Lisboa foi responsável por quase metade do aumento do desemprego medido pelo IEFP. Em termos líquidos, teve mais 10 017 desempregados do que um mês antes, numa subida de 8%, nos cálculos do Dinheiro Vivo. A segunda região mais penalizada foi o Algarve, onde o desemprego registado cresceu 7,2%, seguida do Norte, com mais 4,9% de desemprego. Alentejo (mais 3,9%), Centro (3%), Madeira (1,2%) e Açores (0,6%) registam crescimentos menores.

À semelhança de meses anteriores, foi a não renovação de contratos a principal razão do aumento do desemprego. Nos novos registos feitos ao longo do mês, mais de 49 mil, foram 24 675 as inscrições após não renovação e 7663 os despedimentos por iniciativa do empregador, com 2134 despedimentos por mútuo acordo. O número de despedimentos pelo empregador é o mais elevado desde maio, embora bastante abaixo dos mais de 16 mil despedidos de abril , no primeiro estado de emergência.

Os dados do IEFP também permitem ver que foram as mulheres as mais penalizadas na subida do desemprego de janeiro, representando 59% do aumento de desemprego em território continental). Já no que toca à análise de idade dos desempregados, os jovens entre os 25 e 34 anos conhecem o maior crescimento no desemprego, em 6,7%, para 84 602 desempregados. Seguem-se os trabalhadores entre os 35 e 54 anos, com uma subida de 6,4%, para 165 665 desempregados. Os desempregados até aos 25 anos ficaram em 46 451, subindo 4,5%, e entre quem tem 55 anos ou mais o aumento foi de 4,8%, para 100 270 desempregados.

Cobertura de subsídios recua
Os dados de janeiro revelam dois meses consecutivos de subidas no desemprego, após uma atenuação nos meses de outubro e novembro, em grande medida explicada com a retoma das ações de formação do IEFP e o aumento do número de ocupados que não são classificados como desempregados.

Mas, já no último mês, com travagem das atividades presenciais, houve também uma redução no número de ocupados em formação, que caíram 6,5%. Reduziram-se, por outro lado, em 5,2% os números dos que estão temporariamente indisponíveis para trabalhar num mês em que não deixou de ser obrigatória a busca ativa de emprego, mas esta passou a ser feita preferencialmente por meios digitais.

Somando desempregados registados, ocupados e indisponíveis, os centros do IEFP tinham em janeiro 550 685 pessoas sem trabalho.

Apesar da forte escalada no desemprego registado, e das restrições à circulação e atividade em vigor, o mês de janeiro fica ainda assim marcado por um crescimento das ofertas de emprego em 27%, com as colocações a aumentarem 60% em relação a dezembro, para um total de 7405. Ainda assim, abaixo dos níveis de um ano antes.

Os números daqueles que beneficiaram em janeiro de prestações por desemprego foram, entretanto, também revelados pela Segurança Social. Em janeiro, havia 245 058 desempregados a receber subsídio, mais 1,5% do que um mês antes, com a taxa de cobertura das prestações por desemprego a ficar em 57,5%. Recuou dos 60% registados no mês de dezembro.

Baixas por doença afundam em janeiro
Janeiro, com o regresso a confinamento e teletrabalho obrigatório, foi marcado pela redução forte das baixas por doença pagas pela Segurança Social. Recuaram 36%, para 184 966, depois de terem disparado para máximos históricos em novembro e dezembro. Em janeiro, houve menos 105 533 baixas pagas, das quais 50 836 por tuberculose, no âmbito das que são classificadas por quarentena ou doença covid-19. Nas restantes doenças, também houve menos 63 767 baixas pagas. As baixas por quarentena são pagas a 100% quando os trabalhadores não podem estar em teletrabalho, numa avaliação feita pelos empregadores. Nestas baixas, e também nas por covid-19, é necessária a emissão de atestado por parte das autoridades de saúde publica. Já as restantes baixas são pagas, em regra, a 55% da remuneração no primeiro mês.