Há 542 mil desempregados registados no IEFP

O número de novos desempregados que em Abril se inscreveram nos centros de emprego continua a abrandar. Mas, ao mesmo tempo, o número de trabalhadores alvo de despedimentos colectivos subiu nos primeiros quatro meses do ano mais rapidamente do que em 2010.
Os números ontem divulgados pelo Instituto de Emprego e Formação Profi ssional (IEFP) e os cálculos do PÚBLICO permitem concluir que, entre Janeiro e Abril, os centros de emprego receberam uma média mensal de 53,5 mil novos desempregados, quando, há um ano, essa média era de 60,7 mil novos desempregados.
Por outro lado, e no mesmo período, os dados do Ministério do Trabalho mostram que o número de trabalhadores afastados na sequência de
despedimentos colectivos chegou aos 1630, mais 32,7 por cento do que nos primeiros quatro meses do ano passado.
O abrandamento das novas inscrições e a subida do número de pessoas alvo de despedimentos colectivos fazem aumentar a importância destas pessoas no total dos novos desempregados e foi sufi ciente para interromper a melhoria verifi cada em 2010.
Por cada mil novos desempregados, 7,6 tinham chegado a essa situação na sequência de um despedimento colectivo, quando no ano passado eram 5,8 por cada mil.
Longa duração sobe
As estatísticas do IEFP mostram também que, no final de Abril, havia nos centros de emprego 541.974 desempregados inscritos, menos cinco por cento do que há um ano atrás. Esta tendência de descida mantém-se desde o início do ano, mas acentuou-se em Abril.
O número de novas inscrições também abrandou. Durante o mês passado, acorreram aos centros de emprego 45.977 novos desempregados,
menos 15,8 por cento do que em Março e uma quebra de 14,6 por cento face ao período homólogo.
Os desempregados com qualificações médias e altas contrariaram esta tendência generalizada. Se o número de desempregados com o ensino secundário teve um aumento anual de 1,2 por cento, já os que têm um curso superior subiram 5,6 por cento em Abril.
Também as regiões autónomas fugiram à regra. Em comparação com o ano passado, o desemprego caiu em todas as regiões do continente –com particular expressão no Alentejo –, enquanto nos Açores aumentou quase 25 por cento e na Madeira 15,2 por cento.
Embora os desempregados inscritos há menos de um ano estejam em maioria, em Abril verificou-se uma queda do desemprego de curta duração.
Pelo contrário, a longa duração continua a aumentar a um ritmo anual de 10,5 por cento. O IEFP dá conta de 233.406 pessoas que há mais de 12 meses tentam entrar no mercado de trabalho.
Ontem o secretário de Estado do Emprego foi menos optimista do que é hábito na análise dos dados. Valter Lemos admitiu, em declarações à TSF, que a redução do número total de desempregados inscritos “não signifi ca que haja uma maior criação de emprego, mas que, apesar de tudo, há uma menor perda de emprego”.
“Seria muito bom que a situação continuasse, mas não podemos estar demasiado optimistas”, frisou
o secretário de Estado, lembrando que as perspectivas de evolução da economia “não são inteiramente favoráveis”.
Portugal está neste momento em recessão técnica e o Governo espera que a taxa de desemprego chegue aos
13 por cento no fi nal de 2013. Contudo, a Comissão Europeia prevê uma taxa desta ordem de grandeza já no
próximo ano. Os sindicatos fi caram surpreendidos com o andamento do mercado de trabalho e alertam que os dados
do IEFP não espelham a realidade. Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, disse à Lusa que a quebra no desemprego não corresponde a uma descida real do número de desempregados porque “muitos já não se inscrevem por não terem direito
ao subsídio”. João Proença, líder da UGT, alertou que os dados são influenciados “por duas questões: o número de pessoas que entram em programas de formação e o dos empregados temporários”, como os estagiários
cujos períodos de trabalho “começam agora”. Hoje o Instituto Nacional de Estatística revela a taxa de desemprego do primeiro trimestre do ano.