Fecharam 2917 empresas desde o início do ano

Num momento de grande retracção do consumo das famílias, não surpreende que o comércio tenha sido o mais afectado, com uma em cada quatro sociedades falidas. Um valor que o presidente da Confederação do Comércio de Portugal assegura ser apenas “ a ponta do icebergue”.
João Vieira Lopes socorre-se dos dados do INE para lembrar que, em 2009, desapareceram, em Portugal, 27 500 empresas no sector do comércio. “ De certeza que em 2010 e 2011 a situação piorou, e muito, o que nos leva a dizer que desaparecem 100 empresas do sector por dia”, diz.
E, lembra, “ as nossas estatísticas são muito más e muito distorcidas”. Assegura que encerrou uma empresa em 2005 e só este ano conseguiu, finalmente, dá-la por legalmente encerrada. “ Basta haver uma multa de IRC para pagar ou algo do género que a situação se arrasta”, diz.
Para provar que a realidade das falências é muito superior aos números dos tribunais, o presidente da CCP socorre-se dos números do desemprego que ultrapassaram, no primeiro trimestre, os 100 mil trabalhadores. E, mesmo assim, lembra que, nos casos de encerramento de pequenos lojistas em que apenas o casal lá trabalhava, o número do desemprego volta a“ pecar por defeito”, na medida em que “ por serem sócios-gerentes, não têm direito a subsídio”.
Para além das questões relacionadas com a crise e a retracção da procura ( verentrevista), Vieira Lopes queixa-se das dificuldades de crédito e que as linhas de financiamento avalizadas pelo Estado “ introduziram pouca liquidez no tecido económico”. “ Deviam definir- se regras para que essas verbas tenham de ser aplicadas em investimentos que criem postos de trabalho e não a pagar dívidas antigas”, defende.
O presidente da CCP admite que também “ deverão abrir 20 ou 30 novos estabelecimentos comerciais por dia”. No entanto, diz, não chegam para compensar, nem de perto, nem de longe, os empregos perdidos.
A construção, engenharia civil e promoção imobiliária são outros sectores em profunda crise: 636 empresas desaparecidas, segundo os dados do Instituto Informador Comercial, a que o DN/ Dinheiro Vivo teve acesso. De acordo com os números das associações patronais, o sector perdeu, só este ano, 24 mil trabalhadores, registando-se mais de três empresas em falência por dia.

A explicar a profunda crise social que grassa a norte, registe-se que 45% das insolvências ocorreram nos distritos do Porto, Braga e Aveiro.