Emprego regista maior queda desde Novembro de 2012

INE aponta para a perda de 34 mil empregos entre Julho e Agosto. Recuo mensal de 0,8% é o maior desde Novembro de 2012 e interrompe o ciclo de crescimento iniciado no início do ano.

Os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística (INE) deixam a ideia de que em Agosto as condições do mercado de trabalho em Portugal pioraram. Entre Julho e Agosto a população empregada perdeu 34 mil pessoas – o primeiro recuo mensal registado desde o início de 2015 e o maior desde Novembro de 2012 – e a taxa de desemprego teve um ligeiro aumento.

Depois dos sinais positivos verificados nos meses anteriores, o emprego reduziu-se 0,8% e há agora pouco mais de 4,462 milhões de pessoas a trabalhar em território nacional. É preciso recuar a Novembro de 2012 para encontrar um recuo maior (de 0,9%) e a Janeiro de 2013 para encontrar uma queda semelhante.

“Este decréscimo da população empregada foi observado em todos os grupos analisados neste destaque: adultos entre os 25 e os 74 anos (menos 0,8% ou 33,1 mil), mulheres (menos 1,0% ou 22,3 mil), homens (menos 0,5% ou 12,1 mil) e jovens dos 15 aos 24 anos (menos 0,5% ou 1,1 mil)”, refere o INE.

Na comparação homóloga, os dados, embora positivos, dão sinais de algum abrandamento. Embora haja mais cinco mil pessoas empregadas do que em Agosto de 2014, a taxa de crescimento de 0,1% é a mais pequena desde que em Novembro de 2013 se iniciou a recuperação de postos de trabalho.

Em Julho, revela agora o INE, a população empregada tinha estabilizado em relação ao mês anterior e tinha aumentado 51 mil (ou seja 1,1%) em relação ao período homólogo, resultados muito melhores do que os alcançados em Agosto.

Os dados divulgados nesta terça-feira apontam ainda para uma taxa de desemprego provisória de 12,4%, um aumento de 0,1 pontos percentuais face ao valor definitivo apurado para o mês de Julho e para uma descida de 1,2 pontos percentuais em relação ao ano passado.

Em Agosto, havia 633 mil pessoas desempregadas, mais 4,8 mil pessoas do que no mês anterior e menos 67 mil em relação ao período homólogo.

A taxa de desemprego entre os jovens também aumentou, para 31,8%, tendo registado um acréscimo mensal de 0,6 pontos percentuais e um recuo anual de 1,4 pontos.

Os dados dizem respeito à população dos 15 aos 74 anos e foram previamente ajustados de sazonalidade (uma metodologia diferente da seguida pelo INE quando apura os dados trimestrais). Se não tivermos em conta os efeitos das actividades sazonais, a taxa de desemprego ficou em 12,2% da população activa, 0,4 pontos acima do valor definitivo de Julho, e a população empregada era de 4,482 milhões, tendo recuado 41,3 mil pessoas face ao mês anterior.

Os números agora divulgados são provisórios, uma vez que são apurados com base em trimestres móveis, compostos por dois meses para os quais a recolha da informação do inquérito ao emprego já foi concluída e um mês para o qual o INE faz uma projecção. Por essa razão, só em Outubro serão conhecidas as estatísticas definitivas de Agosto.

O INE divulgou também as estatísticas definitivas do mês de Julho, revendo em alta a sua estimativa inicial. O desemprego afinal ficou em 12,3%, acima dos 12,1% previstos nas estimativas iniciais, tendo estabilizado em relação ao mês de Junho. A estimativa da população empregada também foi corrigida, mas em baixa.

Em plena campanha eleitoral, o PS manifestou-se perplexo com a redução do emprego e com o aumento da taxa de desemprego. “O desemprego, em pleno Verão e quando o turismo deveria impulsionar a criação de postos de trabalho sazonais, está a subir”, disse Eduardo Cabrita.

Do lado da coligação, coube ao vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP, comentar os dados do desemprego. Paulo Portas destacou a descida do desemprego em comparação com o ano passado e embora reconheça que o resultado “é menos bom” quando comparado com o mês anterior, lembrou que subida do desemprego sucede com “alguma frequência” em Agosto.

Se olharmos para as séries históricas do INE dos últimos 16 anos e para a evolução da população desempregada em cadeira, conclui-se que, em sete anos, a população desempregada aumentou entre Julho e Agosto, em oito recuou e num deles estabilizou.