Economia e consumo privado estagnam em Fevereiro

De acordo com os indicadores de conjuntura do Banco de Portugal (BdP), hoje divulgados, a actividade económica teve um crescimento nulo em Fevereiro, depois de, em Janeiro, ter crescido 0,1 por cento. Este último valor representa uma ligeira revisão em alta face à última estimativa da instituição, que apontava já para um crescimento zero no primeiro mês do ano.

A actividade económica está em queda desde Junho de 2010, provavelmente reflectindo o impacto das medidas de austeridade tomadas pelo Governo a partir de meados do ano passado. Com este novo recuo no início do ano, a probabilidade de Portugal entrar em recessão é cada vez maior.

Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que a economia já recuou 0,3 por cento no último trimestre do ano passado, face ao trimestre anterior. Se o mesmo voltar a acontecer entre Janeiro e Março, Portugal entra oficialmente em recessão técnica.

Quanto ao consumo privado, está também a ressentir-se dos cortes salariais e do agravamento da carga fiscal implementados pelo Governo. O indicador voltou a estagnar em Fevereiro, tal como já tinha acontecido em Janeiro. Desde Abril do ano passado que o consumo privado está em queda.

Hoje, o INE divulgou também a sua síntese económica de conjuntura, que mostra que o indicador de clima económico continuou a cair em Fevereiro, mantendo a tendência de queda iniciada em Julho do ano passado.

Do mesmo modo, o indicador de actividade económica (que é calculado de maneira diferente do do BdP) agravou-se em Janeiro, à semelhança do que tinha acontecido nos últimos quatro meses. De acordo com o INE, o consumo privado também terá abrandado em Janeiro.

A maioria dos economistas e das organizações internacionais prevêem que Portugal entre em recessão este ano, devido ao impacto das medidas de consolidação orçamental. O próprio Banco de Portugal aponta para um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,3 por cento, enquanto a Comissão Europeia aposta numa queda de um por cento e o FMI numa descida de 1,4 por cento. Só o Governo mantém o optimismo, apontando para um crescimento ligeiro de 0,2 por cento, sustentado pelas exportações e por uma quebra menos acentuada no consumo privado.