Cerca de 202 milhões de pessoas sem emprego este ano

Cerca de 202 milhões de pessoas vão estar desempregadas este ano em todo o mundo, mais seis milhões do que em 2011, indica um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que será divulgado hoje em Genebra.

As políticas de austeridade em vários países estão a ensombrar as perspectivas de emprego e são “contraproducentes” para o crescimento económico, afirmou o director do instituto internacional de estudos sociais da OIT, Raymond Torres, numa conferência de imprensa no domingo.

De acordo com os dados da organização, em 2011 foram contabilizados em todo o mundo 196 milhões de desempregados e a perspectiva para este ano é de 202 milhões e em 2013 de 207 milhões.

Para a OIT, a criação de 50 milhões de postos de trabalho seria insuficiente para regressar à situação laboral registada antes da crise de 2008.

Além disso, é pouco provável que a economia mundial cresça o suficiente nos próximos dois anos para dar resposta aos cerca de 80 milhões de pessoas que, no mesmo período, chegarão ao mercado de trabalho, alerta.

EUA e Japão “em ponto morto”

Se a situação na Europa é preocupante, não o é menos no Japão e nos Estados Unidos, onde o mercado de trabalho está “em ponto morto”, descreveu a Organização Internacional do Trabalho.

A falta de condições para aceder ao crédito, especialmente para as pequenas e médias empresas, e as medidas de austeridade postas em prática para “acalmar os mercados financeiros” são algumas das causas do agravamento da situação do mercado de trabalho.

O relatório da organização alerta ainda para as baixas perspectivas de emprego que poderão ainda traduzir-se num aumento do risco de convulsões sociais na Europa, Médio-Oriente, Norte de África e região subsaariana.

Sobre as políticas contraproducentes que afectaram os índices de desemprego, a organização deu como exemplo Espanha, que conseguiu reduzir o défice de 9% do produto interno bruto (PIB) em 2010 para 8,5% em 2011: “Uma pequena descida com um programa de austeridade drástico.”

A organização recomenda à União Europeia que leve o Banco Central Europeu a reconsiderar a sua estratégia e facilite a concessão de crédito para impulsionar o crescimento