Censos 2011. Alojamentos vagos e residências secundárias aumentaram a sua importância

Os resultados provisórios do parque habitacional dos Censos 2011, ontem divulgados, indicam a existência de 734 846 alojamentos vagos, mais 35,1% do que em 2001. Destes, 110 207 estão para alugar, uma subida de 37,6%. Falta saber quantos são para venda ou para demolição para perceber qual é a dimensão efectiva das casas devolutas no País, mas já se pode concluir que há um ligeiro incremento do arrendamento. Os alojamentos vagos e residências secundárias aumentaram a sua importância neste sector.
“Houve aumento, mas não o valorizo muito, porque é inferior ao aumento no número de famílias”, diz Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal ( APEMIP). Refere- se às mais 460 049 famílias registadas entretanto, mais 12,7% do que em 2001 e que ultrapassam os quatro milhões. Num inquérito que fizeram aos seus clientes concluíram que 50% estão a pagar uma renda superior às suas possibilidades.
“Há casas para alugar, mas as pessoas não têm condições financeiras. As rendas são pesadas e os senhorios preferem ter as casas desocupadas do que arrendá- las por um preço mais baixo. Devia haver uma punição para quem prefere deixar as habitações degradarem- se em vez de baixar o valor da renda”, defende Manuel Vieira, presidente da Associação de Inquilinos do Norte de Portugal. O organismo a que preside, em conjunto com a Associação dos Inquilinos Lisbonenses, pediu uma reunião à ministra Assunção Cristãs. Temem que, “com a desculpa das medidas da troika, se agravem as condições para os inquilinos”.
Alterações à lei é o que pedem os representantes dos senhorios. “Os dados mostram o fracasso da lei do arrendamento [ 2006]. Não liberalizou as rendas antigas e ainda criou um processo de despejo que não funciona e há uma grande desconfiança por parte dos proprietários. Há casas, mas as pessoas acabam por pedir um preço elevado e preferem não as alugar pela dificuldade em despejar um inquilino”, sublinha Menezes Leitão, presidente da Associação Lisbonense dos Proprietários.
O que é subscrito por António Frias Marques, presidente da Associação Nacional de Proprietários. “Há empreiteiros que estão desesperados para vender as casas e acabam por arrendá- las, pelo menos, vão ganhando para os juros. Mas o que é um facto é que o mercado de arrendamento não se alterou muito”, diz.