As casas em Lisboa custam 2,3 vezes mais que em Berlim, revela um documento da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP)

As casas em Lisboa custam 2,3 vezes mais que em Berlim, revela um documento da Associação Lisbonense de Proprietários (ALP) onde se faz o retrato da habitação em Portugal
De acordo com este documento, apresentado hoje no Salão Imobiliário de Portugal, os preços médios por metro quadrado em Lisboa rondam os 3.552 euros enquanto que em Berlim, na Alemanha, o preço por metro quadrado é de 1.400 euros, ou seja, 2,3 vezes mais.
"É fácil de perceber que, ganhando os alemães três vezes mais que os portugueses, o facto das casas em Lisboa serem 2,3 vezes mais caras que em
Berlim tem inevitáveis consequências sociais", pode ler-se no estudo da ALP, que considera esta uma das razões para o número de casas à banca por falta de pagamento estar a aumentar.
"Só no primeiro semestre de 2011,
construtoras e particulares entregaram 3.060 habitações a insttuições fnanceiras, por não
conseguirem pagar as prestações do crédito", repara o estudo, citando números da APEMIP. Um número que entretanto já cresceu.
Esta semana, também segundo a APEMIP, nos primeiros oito emses do ano, foram entregues à banca 3.900 casas.
O estudo revela ainda que, nos últimos 20 anos se estimulou a construção de habitação novo em vez do arrendamento, não só em termos de projectos aprovados, mas também no que respeita ao crédito à habitação, cujas taxas de juro passaram de 16,6% em 1993 para 6,1% em 2001.
Segundo os dados recolhidos pela ALP, em 1999 foram concluídos 105 mil fogos e licenciados 122 mil. Este foi o ano de pico, mas 2001 não lhe ficou atrás, registando 110 mil fogos concluídos e 120 mil licenciados.
Contudo, em 2002 – ano em que se diz que começou a crise na construção – o panorama mudou e, pela primeira vez o número de fogos licenciados começou a cair. Nesse ano, concluíram-se 123 mil fogos, mas só se licenciaram 90 mil.
A tendência manteve-se e em 2008 e 2009 concluíram-se 60 mil fogos e foram licenciados, respectivamente, 45 e 30 mil fogos, mostrando uma clara viragem no mercado, que recusava agora a construção nova.
Contudo, apesar dessa mudança de paradigma, o mal já estava feito. Desde 2001 que existem mais casas que famílias. Segundo os números da ALP, em 2001 existiam 3,5 milhões de famílias e cinco milhões de casas. E em 2011, contam-se quatro milhões de famílias e 5,9 milhões de casas.