Apartamentos partilhados e mais vagas para tirar sem-abrigo das ruas

Abrir mais 89 vagas em casas individuais e criar apartamentos partilhados. Aqui está parte do plano da câmara para dar um teto a 200 pessoas

David foi um dos primeiros sem-abrigo a quem o projeto “Casas Primeiro” deu a mão, em 2009. Foi “apanhado pelos percalços da vida”, enfrentou problemas psicológicos e deu consigo nas ruas, como contou na altura. Três anos depois, já dizia ter uma casa a que chamava sua. “Agora aprendo a viver com o que tenho, é um dia de cada vez. Tenho uma casa, estou seguro e posso dormir.” Um sentimento que o plano da câmara quer estender a mais de uma centena de pessoas, com o alargamento das vagas em habitações individualizadas.

Lisboa vai ter mais do dobro de vagas para sem-abrigo em habitações individualizadas (T0 ou T1), permanentes e dispersas pela cidade, que passam de 61 para 150. Uma medida que vai ser acompanhada pela criação de apartamentos partilhados e que visa retirar das ruas 200 pessoas que não têm habitação, cerca de um quarto do total em toda a cidade. As duas medidas constam do Programa Municipal para a Pessoa Sem–Abrigo 2016-2018 (PMPSA), aprovado por unanimidade em reunião pública do executivo da capital na quarta-feira. No total, a autarquia prevê investir, ao longo de três anos, mais de 4,6 milhões de euros na implementação de um plano para dar um teto a 200 pessoas através, nomeadamente, do reforço da componente de alojamento e da redução da oferta de vagas de emergência.

Os apartamentos partilhados serão para “pessoas em situação de sem abrigo que são encaminhadas de estruturas de tratamento ou sociais onde se iniciou um trabalho prévio de avaliação e reinserção individual”. A 14 de maio, foram contabilizadas 440 pessoas a dormir ao relento nas ruas de Lisboa e 376 que, nessa noite, pernoitaram em centros de acolhimento.