“É preciso fazer marketing com os Direitos Humanos. Vender como se vende um produto”

Bullying, igualdade de género, conciliação da vida profissional e familiar ou respeito pelos idosos. A câmara de Lisboa lança uma campanha para mostrar que respeitar os Direitos Humanos traz benefícios à cidade.
Tal como a necessidade de não deitar lixo nas ruas, de manter os jardins da cidade limpos ou de pagar os transportes públicos, é preciso também alertar os munícipes para a necessidade de proteger os Direitos Humanos — a reivindicação é de João Afonso, vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa.

O pelouro lança este mês a campanha “Os Direitos Humanos estão nas nossas mãos” com um objetivo: “O que nós queremos é sensibilizar todos os cidadãos de Lisboa – e quando digo isto refiro-me a todos os que vivem, trabalham e vêm a Lisboa – sobre a importância dos direitos humanos e dos direitos sociais. Cada um deles tem responsbailidades na sua implementeção”, defende o responsável, em entrevista à RTP.
Serão doze temas, um para cada mês. Em janeiro, o tema é “A inclusão está nas nossas mãos”, em abril será “Juntos quebramos o ciclo de comportamentos aditivos e dependências” e em novembro será altura de refletir sobre “A igualdade de género tem de passar das palavras”.

Os temas, diz João Afonso, foram escolhidos com base no trabalho que o pelouro dos Direitos Sociais tem vindo a fazer. “Um dos temas, cujo lema é parar a violência nas relações entre homens e mulheres, tem claramente uma relação com o nosso Plano Municipal de Prevenção e Combate à Violência do Género”, ilustra.
Esta campanha serve, pois, também como uma estratégia de marketing. O responsável assume-o: “Nós fizemos um caminho ao longo destes três anos, definimos um conjunto de planos e de estratégias. E temos a consciência de que é preciso fazer promoção pura e dura. Fazer marketing. Vender um produto que se chama direitos humanos e direitos sociais”, considera.

João Afonso reclama ainda o facto de a Câmara de Lisboa ter sido “pioneira” na criação de um pelouro para esta área: “No início do mandato decidimos ter um pelouro com a designação direitos sociais, uma estratégia para os direitos sociais, e foi algo estranho. Fomos os primeiros em Portugal e não só. Depois vimos surgir este pelouro em cidades como Barcelona, e há outras na Europa já com um pelouro de direitos humanos”.
Mas quais são os beneficios práticos de uma campanha com este propósito? O que é que a cidade ganha com isto? “Podemos pensar que uma pessoa sem abrigo tem um custo para o Estado, só por existir. Podemos fazer as contas ao valor económico que o Estado perde de cada vez que uma mulher ou um homem, em idade de trabalhar, morrem em contexto de violência doméstica. Mas é assim que se mede? Não é “, atira João Afonso.

Por outro lado, há soluções para quem decida dar mais atenção a algumas das questões. Exemplo dado com o mês de março, cujo tema é: “É hora de conciliar vida profissional, pessoal e familiar”. “Quando falamos de tempo para partilhar, para estar com a família ou para o lazer, falamos de programas como a Carris, as redes locais de transportes públicos, ou o transporte porta a porta. São políticas de cidade”, remata.
A campanha vai estar nas ruas, nos terminais de multibanco, nos autocarros e também nas redes sociais. Em julho haverá uma exposição sobre Direitos Humanos.