Marcha contra a Fome em Lisboa e Porto angariou 43 mil euros

Lisboa e Porto foram as cidades escolhidas para a sétima edição da marcha Walk the World, uma iniciativa que se realiza em 58 países e foi criada para ajudar a atingir um dos objectivos da Campanha do Milénio da Organização das Nações Unidas: erradicar a fome e a pobreza extrema no mundo até 2015.

“A quase totalidade das receitas é canalizada para o Programa Alimentar das Nações Unidas. Mas, como a situação no nosso país está mais sensível, conseguimos que 25 por cento das receitas da marcha fossem destinadas a projectos locais”, contou à Lusa Carlos Courelas, responsável pelo evento que começou esta manhã em Lisboa, junto à Torre de Belém.

O dinheiro conseguido será entregue à Cáritas Portuguesa, que trabalha no terreno com as famílias mais carenciadas. José Manuel Cordeiro, da direcção nacional da instituição religiosa, sublinhou a importância desta ajuda para uma organização que no ano passado viu “aumentar os pedidos de ajuda em 40 por cento”.

“Existem situações muito graves de pobreza e a fome é um dos problemas que a Cáritas faz questão de combater”, disse José Manuel Cordeiro, sublinhando que a organização tem projectos direccionados para as crianças, assim como uma preocupação especial com o fenómeno da “fome escondida”.

Foi precisamente o problema da fome “envergonhada” que levou Maria Emília Jorge, 64 anos, e Maria Gabriel, 61, a participar na marcha, que terminou por volta da hora do almoço na Pala das Docas.

“Se todos dermos um bocadinho de nós podemos aliviar este problema: hoje há muita fome encoberta”, lamentou Maria Emília Jorge.

Mesmo ao lado, uma família e amigos sublinhavam a importância de “olhar pelas outras pessoas, mesmo as desconhecidas”, até porque “ninguém sabe o dia de amanhã”, resumiu Sónia Justo, 36 anos.

As estimativas do ano passado apontam para a existência de cerca de 500 mil portugueses com carências alimentares. A estes juntam-se ainda os inúmeros casos que são desconhecidos, de famílias que nos últimos tempos perderam tudo.

Mas, olhando para além da fronteira nacional, a situação é ainda mais preocupante: “Não estamos a falar de realidades sequer semelhantes. Este dinheiro vai ajudar principalmente quem não nada tem, ou seja, quem não tem sequer acesso a alimentos”, sublinhou Carlos Courelas, referindo-se aos 75 por cento das receitas conseguidas com a iniciativa, que vão seguir para o Programa Alimentar das Nações Unidas.