Importância do contributo dos imigrantes para a natalidade em Portugal

Tomás e Andreia foram os “ bebés do ano” de 2011 – o título reservado aos primeiros a nascer depois da meia-noite de 31 de Dezembro. Ambos ilustram bem o que se passou nos 12 meses anteriores: o primeiro é filho de um casal natural de Minas Gerais, no Brasil, e a segunda de um casal de imigrantes moldavos. É que no ano passado, um em cada oito bebés registados em Portugal tem pelo menos um dos pais estrangeiros.

No total, 12 449 das cerca de 102 mil crianças que nasceram em 2010 têm pelo menos um dos pais de outro país. Na maior parte dos casos – seis mil – são ambos. Quase quatro mil são filhos de mãe estrangeira e pai português e com os restantes dois mil passa-se o contrário. Os dados são das conservatórias e foram avançados ao DN pelo Ministério da Justiça.

Apesar de as comparações com os dados dos anos anteriores terem de ser feitas com cuidado ( já que a fonte não é a mesma, mas sim o Instituto Nacional de Estatística), parece confirmar-se a importância do contributo dos imigrantes para a natalidade em Portugal – pelo quarto ano consecutivo serão mais de 12 000, embora em 2010 a percentagem seja um pouco menor, já que nasceram mais crianças ( verinfografia).

Uma coisa é certa, sem os filhos dos imigrantes, Portugal teria certamente um crescimento natural negativo. Já, assim, será complicado evitar ter mais mortes do que nascimentos, como aconteceu no ano passado, avança a demógrafa Filomena Mendes. “ Estamos à espera dos números do INE, embora haja boas indicações.” Como os registos ou o número de testes do pezinho.

Maria João Valente Rosa, demógrafa e responsável do portal de estatística Pordata, explica porque é que o número de crianças com pais estrangeiros aumentou nos últimos anos. Em primeiro lugar, porque a imigração começou a crescer nos anos 90 do século XX. Depois, por causa do tipo de imigrantes. “ Vêm à procura de trabalho, por isso são geralmente jovens em idade fértil. Além disso, muitos vêm de sociedades em que o comportamento demográfico é diferente”, ou seja, em que as mulheres têm mais filhos.

Outro dado a salientar das estatísticas dos registo nas conservatórias é que subiu a percentagem de filhos de uniões entre portugueses e estrangeiros – aqui lideram os filhos de homens portugueses e mulheres estrangeiras.

Há outro aspecto em que Tomás e Andreia servem como exemplo. Ambos receberam nomes comuns em Portugal. Tomás foi mesmo o quinto nome de rapaz mais escolhido em 2010. E, apesar de só terem sido registadas 105 no ano passado, não se pode dizer que Andreia seja um nome incomum