Governo usa Web Summit como palco para apresentar Fundo de Inovação Social de 55 milhões de euros

Governo usa Web Summit como palco para apresentar Fundo de Inovação Social de 55 milhões de euros
A Web Summit serviu de palco para a apresentação de um novo fundo de apoio à inovação social em Portugal para PMEs e organizações sociais. Trata-se do primeiro instrumento financeiro criado no âmbito do Fundo Social Europeu. O PÚBLICO acompanha as principais ideias em debate na Web Summit.
O Governo está a aproveitar a Web Summit para apresentar, esta quarta-feira, um novo fundo de inovação social no valor de 55 milhões de euros. O objectivo é promover projectos por parte de organizações sociais e pequenas e médias empresas nas áreas da inclusão social e digital, educação, empregabilidade, saúde, envelhecimento activo ou igualdade de género. Trata-se do primeiro instrumento financeiro criado no âmbito do Fundo Social Europeu e será gerido pela iniciativa pública Portugal Inovação Social, criada em 2014 para apoiar projectos de inovação e de empreendedorismo social através da mobilização de 150 milhões de euros de fundos europeus.
A apresentação vai contar com a presença da ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, que descreve a Web Summit como o palco ideal para dar o impulso de arranque ao novo Fundo de Inovação Social.
“Mais do que uma feira de tecnologia, eu diria que a Web Summit é uma feira de inovação”, disse ao PÚBLICO Maria Manuel Leitão Marques, que horas antes teve a oportunidade de visitar várias startups portuguesas, e não só, durante o primeiro dia da feira. “Vê-se que é uma feira do uso da tecnologia para transformar a economia, para transformar as empresas, e também deve ser para transformar a nossa sociedade e a nossa qualidade de vida.”
Leitão Marques espera ver apoiados projectos como a Academia de Código — um projecto já apoiado pelo programa Portugal Inovação Social — que desenvolve programas de formação intensiva em programação para jovens desempregados, e introduz crianças à área. O Speak, um programa de intercâmbio de línguas e culturas, que põe migrantes a ensinar e aprender línguas, é outro exemplo.
Um regime metade/metade
O novo fundo vai funcionar com duas linhas de financiamento: a crédito e a capital. O primeiro passa pela concessão de empréstimos bancários por instituições de crédito, com uma duração do financiamento até 10 anos. Já o segundo passa por promover investimentos conjuntos, com investidores privados e PMEs que desenvolvam projectos de inovação social. O regime de co-investimento vai até a um máximo de 70%. “Uma parte vai para crédito e outro para capital. É metade, metade, mas podemos ajustar se existir demasiada procura por um dos modelos. É flexível”, explica a ministra. As candidaturas serão avaliadas individualmente, no caso dos empréstimos à banca até 2022, e no caso do capital até 2023.
Os projectos a apoiar devem, porém, ser projectos que já validaram a sua ideia, e estão numa fase de consolidação ou expansão, com condições de sustentabilidade financeira. “São aqueles projectos que apenas precisam de apoio para se expandir e internacionalizar”, diz a ministra. No caso dos empréstimos à banca, é preciso apresentar um plano de investimento, e uma avaliação de risco. “O projectos devem ser sustentáveis, podem não dar lucro, mas pelo menos devem trabalhar num formato que se pague a si próprio. Uma ideia que não fique dependente de auxílios, mesmo que possa ser apoiada numa primeira fase.”
Volta a dar o exemplo da Academia de Código. “É um projecto sustentável. Há lucro, e qual é o impacto social? Pessoas desempregadas vão mais qualificadas para o mercado de trabalho, e para empregos onde há muita procura”, diz Leitão Marques. “E há o restaurante sírio em Lisboa, por exemplo, que faz apoio a refugiados. Pode ser uma iniciativa que se queira replicar noutros lados”, acrescenta Leitão Marques, numa referência ao Mezze, que procura ajudar mulheres e jovens do Médio Oriente que chegam ao país de acolhimento, muitas vezes sem experiência profissional. “A inovação social não é uma área reduzida de todo.”
O programa Portugal Inovação Social é o primeiro a utilizar fundos da União Europeia para dinamizar a inovação de um dos Estados-membros..