GNR regista idosos que vivem sós

A GNR lançou uma operação nacional para recensear todos os idosos que vivem sozinhos e em sítios isolados. Onde e como vivem? Quem os apoia? Qual o grau de autonomia? Quais são as doenças? Quem contactar ? São algumas das informações que constam da nova ficha. Muitos comandos já faziam o registo, mas não desta forma sistematizada e padronizada, o que é também uma resposta aos casos dos velhos cujos corpos só foram encontrados em casa, dias, meses ou anos após a morte.

A campanha, lançada a 25 de Fevereiro e que irá decorrer até 25 de Março, intitula-se Operação Censos Sénior e vai registar todas as pessoas com 65 ou mais anos. Os militares da GNR irão contactar todos os habitantes, recolhendo informações sobre a situação familiar e os cuidados médicos de que precisam.

Pretende-se quebrar o isolamento em que muitos vivem, ter o maior conhecimento sobre a realidade dos velhos de cada distrito e actualizar os dados já existentes. Outro dos objectivos é sensibilizar estes cidadãos para o perigo de serem vítimas de determinados crimes, alertando-os para não caírem no chamado “ conto-do-vigário”, ao qual esta população é mais vulnerável.

O tenente-coronel Joaquim Grenho, do Centro de Comando do Controlo Operacional da GNR, em Lisboa, reconhece que “ a recente visibilidade” dos casos de idosos encontrados mortos há vários dias, e até anos, tenha acelerado a decisão dos responsáveis da GNR de fazer um recenseamento nacional. Mas lembra que estas situações sempre aconteceram no País. “ Agora é que foram mais mediatizadas.”

Os comandos operacionais da GNR receberam fichas em que irão registar todos os dados de identificação de cada idoso. Além disso, deve ser referida a composição do agregado familiar, o tipo de alojamento em que vive, a distância da habitação à localidade mais próxima com um posto policial, o estado de saúde da pessoa e o seu nível de autonomia, a identificação do centro de saúde e o da médica assistente.

Um terceiro bloco de perguntas envolve o tipo de apoio que aquele idoso recebe: de familiares ou de uma instituição; a regularidade desse apoio e quem podem contactar em caso de haver problemas: de saúde ou outros.

“ Já havia um sistema de recenseamento informal, mas não com este pormenor e tão sistematizado”, refere o tenente-coronel Joaquim Grenho.

Mais vulneráveis

A operação nacional é realizada por cada comando operacional, sendo que os militares envolvidos não irão deslocar-se, apenas, às casas mais isoladas. As acções de sensibilização decorrerão, também, em lares e instituições de apoio a esta população. “ Faz parte de uma série de medidas de segurança que devem ser adaptadas por cada indivíduo”, explica o tenente-coronel Belo, responsável pela comunicação do Comando Territorial de Setúbal. Este distrito tem várias zonas em que vivem idosos isolados, alguns sozinhos, nomeadamente nos concelhos de Grândola, Alcácer do Sal, Santiago do Cacém e Palmela.

“ Fazemos o registo há vários anos desta população particularmente vulnerável. Alertamo-los para as agressões de que podem ser alvo, além de identificarmos os que vivem nos locais mais distantes. Há cada vez menos gente nestas zonas e as pessoas estão cada vez mais isoladas”, salienta. “ Antes de serem noticiados os casos de idosos encontrados mortos, já se fazia esta abordagem, mas não com uma ficha padronizada.”