Desemprego sobe para 11,1% e supera previsão do Governo

A taxa de desemprego em Portugal agravou-se para o valor recorde de 11,1% no quarto trimestre de 2010, com 619 mil desempregados.

O valor acaba de ser divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e compara com os 10,9% observados no trimestre anterior e os 10,1% registados em igual período de 2009.

Para o conjunto do ano, diz o INE, a taxa de desemprego foi, em média, de 10,8%, face aos 9,5% registados em 2009. A população desempregada situou-se em 602 mil individuos, mais 14% face ao ano anterior.

O relatório do organismo dá conta da destruição de mais de 55 mil postos de trabalho em Portugal num ano, o que significa que por mês foram eliminados 4641 lugares de trabalho. Do terceiro para o quarto trimestre a redução de empregos foi de 9,6 mil.

Os números hoje divulgados pelo INE contrariam as estimativas do Governo, que na proposta de Orçamento do Estado para 2011 indica que a taxa de desemprego se situaria nos 10,6% em 2010 e nos 10,8% este ano.

Mulheres são as mais penalizadas

O desemprego de longa duração – pessoas inscritas nos centros de emprego há mais de um ano – subiu 33% em 2010, face ao período homólogo, enquanto o número de pessoas inscritas há menos de um ano caiu 2,7%.

Por género, foram as mulheres que mais sofreram, com o desemprego a crescer 18% neste grupo, enquanto nos homens subiu 10% face há um ano.

Do ponto de vista regional, o desemprego subiu em quase todas as regiões do país, principalmente no Algarve, com um acréscimo de 13,4%, e no Norte, com uma subida de 12,6%.

Desemprego nos jovens atinge os 22%

Os jovens são os mais afectados pelo drama do desemprego em Portugal. Segundo os dados do INE, a taxa de desemprego entre os jovens até aos 25 anos subiu em Portugal para 22,4% em 2010, o que se traduz em 95,4 mil cidadãos sem trabalho.

O valor representa um agravamento de 2,4 pontos percentuais face aos 20% registados em 2009.

Os mesmos dados mostram que o desemprego entre os licenciados cresceu 16% em termos homólogos e que há 64 mil portugueses que frequentaram o ensino universitário nessas condições.

Os números são mais expressivos para aqueles que só completaram o ensino secundário (27%) e para quem ficou no ensino básico (10,6%). Nestes ‘escalões’ há 115 mil e 423 mil portugueses sem trabalho, respectivamente.