Crescimento sem criação de emprego

Se é certo que "crescimento não significa necessariamente de-senvolvimento económico e, muito menos, desenvolvimento económico sustentável", é importante aplicar as consequências práticas desta constatação ao caso português. A saída da recessão pelo reforço das exportações é a única solução prática viável a curto prazo. Mas as 19 mil empresas exportadoras do País não chegam para criar empregos líquidos capazes de contrariar a destruição de postos de trabalho nas restantes 280 mil pequeníssimas unidades produtivas. É preciso alargar a frente exportadora e induzir um ciclo virtuoso, no qual todos recomecem a pagar o que devem a tempo, sem atrasos, uns aos outros, para reanimar todos aqueles que estão exangues, sem fundos de tesouraria para reagir à crise.

Sem a conjugação destes efeitos, a crise social que vivemos vai instalar-se e tender a espalhar-se. Como uma gangrena, é preciso estancar a infecção. Sob pena de assistirmos a um surto de lutas sociais, como há muito não temos em Portugal. Por isso, será muita a pressão sobre o novo governo, e os partidos que o vão integrar terão de se mostrar unidos na sua missão.