Risco de pobreza é o mais baixo desde 2003

Risco de pobreza em 2017 diminuiu para 17,3%. Baixou dez pontos percentuais entre as famílias numerosas. Aumentou 0,7 pontos entre os idosos.
Pelo terceiro ano consecutivo a taxa de risco de pobreza voltou a diminuir, passando de 18,3% para 17,3% em 2017. É a taxa mais baixa desde, pelo menos, 2003.
A grande descida — de 8 pontos percentuais — deu-se nos agregados com três ou mais filhos, o grupo que tem mais dificuldades entre toda a população: aqui, a taxa de risco de pobreza era de 41,4% em 2016 e passou para 31,6% no ano passado.
A presença de crianças continuou a estar associada a um risco de pobreza acrescido, por isso as taxas nos agregados com um adulto e pelo menos uma criança dependente foram igualmente altas — de 28,2%.
Os dados provisórios constam do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística em 2018 sobre os rendimentos das famílias no ano anterior. E acabam de ser divulgados. Segundo o INE, a taxa de risco de pobreza em 2017 corresponde à proporção de habitantes com rendimentos monetários líquidos inferiores a 5610 euros anuais, o que equivale a 468 euros por mês. Consideram-se que estão em risco de pobreza pessoas que, após as transferências sociais, como abonos e subsídios, por exemplo, vivem com rendimentos abaixo desse limiar.
O INE publicou pela primeira vez dados regionais onde a Área Metropolitana de Lisboa surge como a região com a mais baixa taxa de pobreza (12,3%) e o Alentejo com dados inferiores à média nacional (17%). As Regiões Autónomas são as mais afectadas — 31,5% nos Açores e 27,4% na Madeira — e Norte, Centro e Algarve mantêm-se nos 18,6%.
Menos pobreza infantil
Fazendo uma análise por grupo de famílias, foram os agregados com crianças dependentes que viram o risco de pobreza diminuir mais, passando de 19,7% para 18,1%.

Porém, as mulheres e as crianças continuam a estar mais expostas, apesar das descidas registadas nestes grupos.
Reduziu-se o risco para menores de 18 anos, de 20,7% para 18,9% – a taxa mais alta entre todos os grupos etários. Diminuiu também o risco para ambos os sexos mas o impacto foi mais expressivo para os homens (menos 1,2 pontos percentuais) do que para as mulheres (menos 0,8 pontos percentuais), chegando as mulheres a ter quase 18% de taxa de risco de pobreza, quando esse valor é de 16,6% para homens.
Idosos em maior risco
Já entre os adultos em idade activa o risco de pobreza diminuiu 1,4 pontos percentuais (de 18,1% para 16,7%). O mesmo não aconteceu com a população idosa, cujo risco aumentou 0,7 pontos percentuais, estimando-se em 17,7% em 2017. Aumentou igualmente — em 0,6 pontos percentuais — o risco para os reformados (de 15,1 para 15,7%).

Indicador positivo é o facto de a taxa de pobreza entre os trabalhadores ter diminuído de 10,8% para 9,7% Porém, para os desempregados os riscos aumentaram, passando de 44,8% em 2016 para 45,7% em 2017.

A proporção da população com menos de 60 anos que vivia em agregados familiares com intensidade laboral per capita muito reduzida — trabalhou em média menos de 20% do tempo de trabalho possível — foi de 7,2% em 2017 (menos 0,8 pontos percentuais do que no ano anterior).
Também desceram os principais indicadores de desigualdade: o Coeficiente de Gini (que assume valores entre 0, quando todos os indivíduos têm igual rendimento, e 100, quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo) foi de 32,6%, ou seja, menos 0,9 pontos percentuais do que no ano anterior. Segundo o INE, este indicador tem “em conta toda a distribuição dos rendimentos, reflectindo as diferenças de rendimentos entre todos os grupos populacionais, e não apenas os de menores e maiores recursos”.
Já em relação aos indicadores de privação material — que dizem respeito a 2018 — mantém-se a tendência de redução (com 16,6%, menos 1,4 pontos percentuais do que no ano passado), e o mesmo acontece com a taxa de privação material severa (6%, menos 0,9 pontos percentuais do que em 2017). Assim, neste campo, os dados mostram, por exemplo, que 41,3% dos portugueses não podem pagar uma semana de férias por ano fora de casa, 34,7% não conseguem assegurar o pagamento imediato, sem recorrer a empréstimo, de uma despesa inesperada, 19,4% não conseguem manter a casa adequadamente aquecida e 6,6% não têm como pagar atempadamente rendas, encargos ou despesas correntes.