Portugueses têm das pensões mais baixas da Europa

Os portugueses têm das pensões mais baixas da Europa e associam a idade da reforma a velhice, doença e dificuldades financeiras, de acordo com os dados de um barómetro hoje revelados.

Segundo as conclusões do estudo, que envolve 26 países de todo o mundo incluindo Portugal, as pessoas activas gostariam de se reformar mais cedo do que a idade actualmente prevista, mas isso acontece de facto cada vez mais tarde.

Portugal é o país europeu com as pensões mais baixas, a seguir à Hungria e à República Checa, e tem ainda um desfasamento de menos 109 euros entre o que é recebido e o montante que seria necessário para fazer face às despesas domésticas.

No entanto, neste caso os campeões pela negativa são a França (-362 euros) e Bélgica (-271).

Na generalidade dos países, reforma significa um decréscimo do rendimento, mas Hungria, Marrocos e Portugal são os países com piores expectativas sobre a evolução da qualidade de vida nesta fase.

O Japão (63 por cento) é o país onde a reforma é sinónimo de nível de vida mais baixo, assim como em Portugal e também França.

A China é o país onde os inquiridos referem conseguir mais conforto financeiro através da reforma, seguido da Suíça, EUA, Canadá, Austrália, Alemanha, Reino Unido e Bélgica.

À semelhança dos italianos, húngaros e japoneses, os portugueses, tanto activos e reformados, são quem tem uma visão mais negativa da reforma, a que associam «morte, velhice, doença e dificuldades financeiras».

Os japoneses são os que mais trabalham ou querem trabalhar depois de reformados, com 78 por cento da população activa a pretender ter uma actividade remunerada durante a reforma.

A seguir a Marrocos, Portugal e a Hungria são dos países com maior percentagem de activos que prevê continuar a trabalhar.

Apesar de o maior desejo dos portugueses ser viajar, na realidade isto é conseguido pelos franceses e a principal actividade dos reformados portugueses é cuidar da família.

De todos os países inquiridos, Portugal é, junto com Marrocos, o que tem a maior percentagem de activos que desconhece o valor da sua futura reforma.

Portugal, Espanha, Itália e Hungria são os países que menos se preparam a reforma, numa lista em que a República Checa e EUA (ambos com 79 por cento) são os mais preparados.

Em Portugal, começa-se a poupar para a reforma ligeiramente mais tarde do que nos outros países e tendencialmente só depois de um acontecimento, como doença ou um acidente.

O montante poupado por mês para a reforma pelos portugueses está, no entanto, acima dos países da Europa do Sul (Itália e Espanha), apesar dos rendimentos portugueses serem significativamente mais baixos.

Portugueses, espanhóis e marroquinos são os que maior importância dão ao apoio emocional dos filhos para com os pais e Portugal é o país europeu em que a ajuda financeira dos filhos é mais esperada.

Suíça, Canadá, Estados Unidos, Japão e Austrália são os países onde mais se poupa e os países anglo-saxónicos, especialmente Austrália e EUA, são os que mais investem em produtos de alto rendimento mas mais arriscados, enquanto os portugueses, marroquinos e espanhóis são os que menos arriscam em investimentos dedicados à reforma.

Na maioria dos países europeus, as reformas dependem do Estado, mas a responsabilidade individual é em Portugal, Espanha e Itália menos considerada do que noutros países da Europa Ocidental.

Portugal está entre os países que mais consideram que o seu sistema de Segurança Social está numa situação caótica, acima da média da Europa Ocidental e Central, numa lista encabeçada pelo Japão, onde 98 por cento dos activos e 94 por cento dos reformados consideram um caos o sistema de Segurança Social.

Itália, China, Espanha e França são dos países que mais esperam de uma reforma da segurança social respectiva nos próximos 10 anos, enquanto que Portugal, quase sem expectativas, só ganha à Alemanha.

Portugal e Espanha são ainda os países que mostram maior interesse num sistema de pensões comum aos países da União Europeia, seguidos pela Polónia e Hungria.

O Japão, seguido a longo passo pela China, é o país onde as pessoas, sobretudo as activas mais aprovam um eventual aumento da idade mínima de reforma, numa tabela que tem no lado oposto Portugal, Hungria, Alemanha, República Checa e Suíça.

Portugueses e húngaros são os que menos se dizem «muito felizes» de todos os países inquiridos, e também os menos satisfeitos com a qualidade dos cuidados de saúde.

Portugal é o país em que a população activa demonstra mais preocupação com as alterações climáticas e o aquecimento global, mas quando se trata de pagar mais por soluções e produtos ecológicos a percentagem baixa em todos os países e os portugueses fazem parte dos que estão menos dispostos a pagar.

A Suécia é um país frequentemente escolhido pelos europeus como o melhor para se viver daqui a vinte anos.

O Barómetro foi realizado em 26 países, num total de 18.114 entrevistas, pelo quarto ano consecutivo para a AXA Seguros, através de chamadas telefónicas realizadas pela empresa GfK Metris, entre meados de Julho e princípios de Agosto do ano passado, com o objectivo principal de «analisar e perceber as atitudes em relação à reforma, comparar a percepção e a realidade dos activos versus reformados ou em reforma antecipada e analisar os resultados de Portugal de um ponto de vista internacional».

Portugal foi comparado sobretudo com a Austrália, Bélgica, Canadá, China, República Checa, França, Alemanha, Hungria, Itália, Japão, Marrocos, Espanha, Suíça, Reino Unido e EUA.