Pobres foram os que mais rendimento perderam na crise

A classe média portuguesa conseguiu resistir melhor durante a crise, mas o risco de entrar na pobreza foi também dos maiores na OCDE.
Mais de metade dos portugueses que estão na classe média baixa perdeu 20% ou mais do seu rendimento anual. Os cálculos são apresentados no novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE), “Sob pressão: a classe média em declínio”, divulgado esta quarta-feira, 10 de abril.
A classe média baixa ganha menos de 75% do rendimento mediano nacional que, de acordo com a OCDE, corresponde a cerca de 8 700 euros por ano. Foi este grupo de rendimento o mais afetado durante o período da crise de 2011 a 2015.
A classe média e média alta conseguiu resistir melhor ao embate da crise económica, com cerca de dois terços dos cidadãos nestas classes de rendimento (33,6% e 32,9%, respetivamente) a perderem 20% ou mais do rendimento que tinham antes da crise.
A OCDE refere que as famílias da classe média “são quase imunes” a variações no ciclo económico, mas não quer dizer que não estejam expostas à pobreza, lembrando que no caso português, o risco de pobreza caiu dois ou mais pontos percentuais no período entre 2007 e 2015.
Probabilidade de entrar na pobreza entre as maiores da OCDE Apesar de terem resistido bem à crise financeira iniciada em 2011, as famílias portuguesas estiveram entre aquelas que apresentavam maior probabilidade de “escorregarem” para uma situação de pobreza. De acordo com os dados divulgados pela organização sedeada em Paris, Portugal encontrava-se no grupo de seis países em que a denominada classe média apresentava uma das probabilidades mais elevadas de escorregar para a pobreza.
Apesar de terem resistido bem à crise financeira iniciada em 2011, as famílias portuguesas estiveram entre aquelas que apresentavam maior probabilidade de “escorregarem” para uma situação de pobreza. De acordo com os dados divulgados pela organização sedeada em Paris, Portugal encontrava-se no grupo de seis países em que a denominada classe média apresentava uma das probabilidades mais elevadas de escorregar para a pobreza.
Mais dramática foi a situação das famílias da classe média com rendimentos mais baixos da distribuição. A probabilidade, neste caso, trepava para os 13,3%.