Para a maioria dos portugueses a crise não passou

Apesar da enorme descida do desemprego, o emprego, os salários baixos e o custo de vida são as principais preocupações dos portugueses.
Contrariando os números oficiais sobre o crescimento da economia e a queda do desemprego, menos de um terço por portugueses sentem que a crise económica foi ultrapassada e 53,5% estão mesmo convencidos que esta ainda não passou.
A conclusão é de um estudo do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, encomendado pela Missão Continente.

O trabalho revela ainda que o desemprego continua a ser o problema que mais portugueses (38,8%) consideram como o mais importante para o país, seguido, em segundo lugar, dos salários baixos e poder de compra (29,2%), da corrupção (26%) e das falhas do sistema de saúde (24,5%).

A investigadora e coordenadora do estudo, Luísa Schmidt, defende que estes números e a perceção dos portugueses sobre a existência ou não, ainda, de uma crise, mostram que, no fundo, estamos de “ressaca” e que a crise económica de 2008 foi tão forte e afetou tantas pessoas que deixou marcas profundas.
Um exemplo: quando se pergunta aos portugueses o que fariam se tivessem um aumento de rendimentos no topo das prioridades surge a saúde e a poupança, mesmo entre os mais novos, algo que não acontecia antes da crise.
“Ainda há um trauma da crise pois não houve praticamente nenhuma família que não tivesse sido afetada, mantendo-se um receio”, acrescenta Luísa Schmidt, que sublinha que o desemprego até pode ter caído muito mas os salários não subiram e os custos de vida, nomeadamente da habitação, disparam.