Vaga de frio revela casos de risco escondidos na Lisboa antiga

Os bairros históricos de Lisboa como Alfama, Mouraria e Bairro Alto, onde há uma maior predominância de população idosa, são algumas das zonas já visitadas no âmbito da campanha de proximidade desencadeada pela Câmara de Lisboa. Nesta acção, que se prolongará enquanto as baixas temperaturas o justificarem, participam cerca de 200 pessoas, entre elementos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSBL), da Polícia Municipal, de corporações de bombeiros voluntários e dos serviços municipais de protecção civil.

Segundo José Rocha, do RSBL, numa primeira fase equipas formadas por bombeiros e polícias visitam zonas da cidade previamente estabelecidas, onde desenvolvem um trabalho de “sensibilização porta a porta” para divulgar medidas de autoprotecção contra o frio. Como explica o subchefe, sempre que são identificadas “situações gritantes”, nomeadamente “pessoas com problemas de saúde, carenciadas, sem acompanhamento social”, é alertada a Protecção Civil.

Através desta acção, esclarece por sua vez o director do departamento municipal de protecção civil, Victor Vieira, já foram identificadas cerca de 30 situações de risco que até aqui permaneciam escondidas dentro de quatro paredes e desconhecidas dos serviços de acção social da Câmara de Lisboa e de outras instituições. Depois de referenciados, os casos estão a ser analisados pela Protecção Civil e pela SCML, que desencadearão acções como alertar familiares ou amigos, providenciar acompanhamento domiciliário permanente ou encaminhar as pessoas para centros de dia.
Mas a face mais visível e mediática deste plano desencadeado pela Câmara de Lisboa para fazer frente à vaga de frio dos últimos dias é a tenda montada na Avenida D. Carlos I para receber os sem-abrigo.

Filomena Marques, do departamento de acção social da autarquia, garante que também aqui os efeitos da iniciativa se prolongam no tempo e vão além de medidas pontuais, como a oferta de agasalhos, comida e apoio médico.

Segundo a técnica, em “situações de crise” como esta, os sem-abrigo “estão mais vulneráveis e disponíveis para outros projectos de vidas, para encontrar soluções em termos de emprego, para tratar de documentos”. Até à tarde de ontem passaram pela tenda 50 pessoas, das quais, diz Filomena Marques, 21 já estavam a ser acompanhadas por instituições e sete foram encaminhadas para albergues nocturnos, um centro de acolhimento da SCML e o Exército de Salvação.