EMPREGO: 10 anos em 10 gráficos

O que mudou numa década no mercado de trabalho? 10 anos em 10 gráficos
Entre 2007 e 2017, muito mudou na economia portuguesa. Há menos pessoas a trabalhar, os salários pouco subiram e as desigualdades persistem
s 10 anos que separam 2007 de 2017 não são uma década qualquer. Neste período, Portugal sofreu dois abalos profundos com forte impacto no mercado de trabalho. Primeiro, a crise financeira internacional e logo depois a crise da dívida na zona euro, que levou o país a ter de pedir um resgate internacional. A história que se segue é conhecida. Anos de austeridade e recessão, que elevaram o desemprego para níveis nunca antes vistos e empurraram para a emigração milhares de jovens qualificados em áreas críticas como a saúde e a tecnologia.

A análise aos dados dos Quadros de Pessoal do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social para a década 2007-2017 permite traçar a história destes anos em Portugal. E perceber o que mudou no mercado de trabalho português ao nível das empresas, tanto do sector privado como público (a Administração Pública não está abrangida nestes dados, mas as empresas públicas estão). Em 2017, as empresas a operar em Portugal tinham perdido 150 mil empregos face a 2007. A perda chegou a ultrapassar meio milhão no auge da crise, em 2013. Desde então, a economia recuperou e o emprego também, impulsionado pelo sector dos serviços, com destaque para a saúde e o apoio social, mas não o suficiente para atingir os níveis pré-crise.

BAIXOS SALÁRIOS AINDA PREDOMINAM

São mais velhos e estão mais qualificados os trabalhadores nas empresas. O lastro das baixas qualificações ainda é grande, mas a fatia de profissionais com formação superior subiu em força. Como consequência do aumento do número de trabalhadores qualificados nas empresas, o prémio salarial da educação reduziu-se. Continua a ser elevado, sobretudo para os licenciados, mas decaiu em todos os níveis de ensino.

Além disso, a grande maioria dos trabalhadores continua a concentrar-se nos escalões remuneratórios mais baixos. E o fosso entre homens e mulheres persiste: em média, eles continuam a ganhar mais do que elas.

Certo é que, apesar do preço cobrado pela crise, o salário médio aumentou na última década. Mas, atenção: descontando o impacto da inflação, o incremento no ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem fica limitado a pouco mais de 4%.

Os anos de consulado da troika deixaram outra herança: a perda de influência da negociação coletiva. O número de profissionais nas empresas abrangidos por instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho está em queda. Assim se pode resumir uma década em que as boas notícias para os trabalhadores foram mais a exceção do que a regra.